quarta-feira, 3 de junho de 2015

Depois de duas semanas de indecisão, tomei coragem e cortei a unha do pé (ah, e outra coisa menos importante: assisti a Mad Max: Estrada da Fúria)

Tanto se alardeou sobre Mad Max: Estrada da Fúria que fiz o que sempre faço quando me recomendam efusivamente assistir a algum filme: ignorei completamente.

Para começar, não sou fã de filmes de ação. Quando quero injetar adrenalina no sangue basta dar três passos para fora de casa e logo um espião-ninja-caçador-de-recompensas-neo-romano-ortodoxo aparece do nada para tentar coletar o prêmio que colocaram pela minha cabeça.

Prefiro comédias, como A Lista de Schindler; dramas, como Curtindo a Vida Adoidado; ou até mesmo animações, como Dogville.

Mas, como já disse certa vez, o Universo gosta de me pregar peças desde aquela vez em que o venci numa partida de gamão no parque. E foi assim que acabei dentro de uma sala de cinema desavisadamente e acabei assistindo à essa grande baboseira que está sendo chamada de melhor filme de ação do ano.

Acontece que fiquei sabendo de um documentário chamado Papibaquígrafo: a História Nunca Contada, narrado em hebraico por Pedro Bial. Precisando desanuviar a mente um pouco, decidi deixar o escritório, mergulhar em uma sala escura e passar algumas horas viajando pela fascinante história daquela invenção que teve um profundo impacto na formação do meu caráter.


Peraí, galera. Só esperando o Waze pegar sinal aqui pra gente ver o caminho.

Chegando ao cinema, avistei uma gigantesca fila para comprar o ingresso. Nunca peguei uma fila na vida, nem mesmo quando trabalhei como guardador de lugar em filas. Fui até o início da linha e aguardei. Avistei um casal de idosos no caixa adquirindo um bilhete para a sessão que eu almejava ver. Eles seriam meu alvo. Bastaria causar uma distração e pegar os bilhetes.

Assim, montei um balcão e me passei por um atendente que estava distribuindo gratuitamente amostras de um novo purê de maçã enlatado. Enquanto os dois provavam o alimento, aproveitei para pegar os ingressos. Muito mais fácil do que esperar naquela fila interminável.

Mas não pensem que sou um mero aproveitador de velhinhos. Eu seria um grande patife se fizesse isso. Jamais! Meu organismo rejeita todo tipo de patifaria. Institutos alemães até mesmo coletaram amostras de meu sangue para produzir um soro anti-patifaria (ainda em fase de testes).

Sou um homem justo acima de tudo. E minha justiça nunca falha. Sou advogado, juiz, júri, réu, escrivão e executor, tudo num só. Por isso, o que fiz foi efetuar uma troca: peguei os ingressos, mas substitui-os por dois vale-check-up-cardíaco grátis. Uma compensação mais do que honesta!

Assim, munido do bilhete, me dirigi à sala. Aí entra a mão ardilosa e fanfarrona do Universo. Por um defeito da máquina que imprimiu o bilhete, o número da sala foi trocado. Só percebi o erro quando o filme começou e Mad Max começou a ser projetado na telona. Na hora me arrependi profundamente de ter me livrado dos meus vale-check-up, ainda mais porque eu já estava sentindo algumas dores lancinantes no peito havia uns oito meses.

Tive de me resignar e ficar na sessão, já que o documentário devia ter começado há uns 30 segundos. E Braddock Lewis jamais se atrasa. Bem, comecei a lembrar de todas as críticas e resenhas que li idolatrando Mad Max, críticos enaltecendo o diretor como o arauto de uma nova era para os filmes de ação, dizendo como o longa redefinia o próprio conceito do cinema, com atuações que fariam Tony Ramos se envergonhar profundamente de ter enveredado pelas artes cênicas.

E agora, com muito menos palavras do que todos esses entusiastas patifes de uma figa usaram, definirei agora exatamente o que é esse filme: uma mistura de Velozes e Furiosos, Lata Velha do Luciano Huck e Priscila, A Rainha do Deserto. Aí está seu Mad Max. Bom filme a todos, otários.


Maldito................. grão............. de areia................. no olho!


Quer dizer que era só eu ter ficado sentadinho esperando a galera ir até a puta que pariu, quebrar a cara e voltar pra casa? Merda, eu devia ter lido o fim do roteiro logo!


Muito bem! O próximo palhaço que gritar "toca Raul" vai levar lança-chamas na bunda!


Para tudo! Deixei cair meu iPhone. Todo mundo procurando, cambada! Ninguém sai até encontrar!

7 comentários:

Imortan Joe disse...

Para um incauto como o senhor os portões de Valhalla jamais se abrirão. Jamais! E devolva meu porta-palitos de dente que estava no porta-luvas, patife!

Tony Ramos disse...

O senhor tem razão Braddock Lewis. Esse fimle é uma verdadeira aula de atuação para qualquer ator do mundo. Eu mesmo senti vergonha por toda minha carreira.

A atuação que mais me emocionou foi da pedra que aparece aos 58 minutos de filme. Ela conseguiu capturar toda a emoção, o desespero e a tristeza daquela vida sofrida apenas por meio de sua expressão corporal.

Também gostei muito da interpretação daquela árvore seca, que soube demonstrar bem a agonia de um mundo esvaziado de sentido e um futuro incerto e cruel.

Pedra disse...

Obrigado pelo reconhecimento, Tony.

Isso é pra esfregar na cara do Wolf Maya. Aquele deformado lazarento disse que eu jamais conseguiria um papel de destaque por ter uma capacidade limitada de atuação.

Aí está, maldito. Chupa!

Árvore Seca disse...

Gostaria de aproveitar esse momento em que estou em evidência e convidar a todos para ver a peça Hamlet, que vai entrar em cartaz no Tuca, em São Paulo, no segundo semestre. Farei o papel de Ofélia.

Futuro Incerto e Cruel disse...

Vocês não perdem por esperar. Hihihihihihihihi...

Idoso da Silva disse...

Braddock, o que você fez foi algo muito justo.

No começo, quando percebemos que havíamos sido tapeados, ficamos muito nervosos. Mas, depois, usamos o vale-check-up cardíaco e descobri uma terrível doença que poderia ter acabado comigo caso eu tivesse demorado mais um pouco para desacobrí-la.

No fim, entendemos que você agiu com justiça e parcimônia. De quebra, aquele purê de maçã estava uma delícia. Poderia passar a receita?

Um abraço

Melanoma disse...

Com tanto albino em um deserto posso adivinhar que o futuro será repleto de câncer de pele.